ECMOFOBIA, porque 14 picadelas por dia deixam qualquer um ecmofóbico...

quarta-feira, 2 de março de 2011

Hoje fazemos 2 anos de diagnóstico...

Hoje fazemos 2 anos de diagnóstico... Acho que posso dizer que estamos todos adaptados. A ansiedade persiste, mas já não nos impede de permitir que o Pedro faça parte da vida dos seus amiguinhos - participa nas visitas de estudo, vai às festas de aniversário, enfim, faz o que é normal para a idade. Quando digo todos, refiro-me ao Pedro, evidentemente e à sua equipa de cuidadores - mãe, pai e vovó Teresa. Claro que a disponibilidade e o apoio das médicas do Pedro também ajuda muito. Não imagino como seria se tivesse que suportar isto sozinha. Ainda assim, continua a não ser fácil... não me consigo libertar desta angústia, desta aversão às picadelas, desta sensação de futuro roubado... Mas já vou chorando menos - a esperança na cura e os avanços tecnológicos da medicina, nomeadamente os que dizem respeito ao tratamento das complicações desta doença, vão-me dando uma perspectiva menos negra do amanhã.
Há 2 anos, em meados de Fevereiro, o Pedro começou a perder muito peso e a beber muita água e o Google sempre a devolver "diabetes tipo 1" nas pesquisas que eu fazia... E eu a negar o óbvio - não pode ser, não há ninguém com esta doença na família (como se isso fosse relevante...)... Naquele Domingo, ao fim do dia, fazia xixi de garrafa de água na boca e durante a madrugada seguinte, começou a vomitar... Demos entrada no Hospital Pediátrico Dona Estefânia ao início da manhã. A enfermeira que fez a triagem fez-lhe imediatamente um teste à glicémia no dedito e ficámos lá. Tinha 350 mg/dl de glicose no plasma, uma cetoacidose moderada e uma otite média aguda à esquerda. Ainda sinto vertigens quando penso no turbilhão de informação que tivemos que absorver naqueles 5 dias de internamento - testes de glicémia, injecções de insulina, contagem de hidratos de carbono, cálculos de quantidades de insulina, pesquisa de corpos cetónicos na urina, procedimentos em dias de doença... Enfim, ficou a sensação avassaladora de que um pequeno erro pode acabar com as nossas vidas num instante... Valeu-nos a competência e a simpatia daqueles profissionais. Parece-me um tanto injusto referir nomes, mas recordo com especial carinho a Dra Eusébio, que nos acompanhou naquelas primeiras horas de pesadelo (com o Pedro todo entubado e completamente prostrado), com um cuidado, uma gentileza e sobretudo um respeito pelo nosso sofrimento, que, literalmente, me amparou a alma. Também recordo com muito carinho a Enf Garcez, que ainda foi o nosso socorro durante algum tempo depois da alta.
E passados 2 anos, é sobretudo a alegria de viver do meu menino que nos dá alento.

4 comentários:

  1. Neste dia que também é um dia especial para mim, por razões um pouco mais felizes... as lágrimas não me deixaram ficar indiferente a este testemunho de alguém que é acima de tudo mãe como eu ... que sofre pelo sofrimento, pela angústia, pela pressão que se nos impõe a partir do primeiro dia que nos colocam a coisa mais preciosa das nossas vidas, nos nossos braços: um filho,que é tudo para nós, que depende de nós, que quer de nós todo o amor, carinho e cuidado. A nossa expectativa é alta e de um momento para o outro... sem sabermos como e porquê... cai-nos o mundo em cima ...
    Mas felizmente que há crianças com mães como nós: stressadas, preocupadas, interessadas, exageradas por vezes, mas com cuidado, amor, carinho para dar ...
    A vida é feita de provações e ás vezes são duras... como esta para o Pedro, para a mãe do Pedro, para o pai e para a vovó... mas a verdade é que o Pedro é das crianças mais felizes que conheço, e que tem a maior sorte do mundo ter uma mãe como tem.
    Termino com um muito obrigada por fazerem parte do meu grupo de amigos.
    Um beijinho muito grande.

    ResponderEliminar
  2. Tonta! Eu é que tenho a agradecer, todos os miminhos que nos tens dado! Incluindo este - obrigada pelas tuas palavras...
    PARABÉNS para TI, que fazes 9 anos de MÃE!! E para o teu piolhinho, claro. Bj grande

    ResponderEliminar
  3. É impossvel ficar indiferente a este relato com o qual tanto me identifico. O Pedro vai ser, assim como a minha catarina,uma criança Feliz eu tenho a certeza. Contudo não posso deixar de dizer á Filipa que há mães e mães, claro que isso faz toda a diferença depois na vida das crianças, filhos de mães como a Filipa serão felizes de certeza porque o amor, a preocupação e a atenção são cuidados que nunca irão faltar. Como eu compreendo palavra por palavra que aqui foi dita...... a minha catarina foi diagnosticada numa fase muito primária, foi fazer umas analises porque lhe doia a barriguita na parte do umbigo e a médica achou por bem fazer analises á urina onde apareceu um valor um pouco elevado de glicose, assim como o Pedrocas a minha catarina não tem ninguem na familia, nem do meu lado nem do lado do meu marido, ninguem é diabetico..... ninguem previa......uma criança que em 7 anos tomou um antibiotico para uma amigdalite...nunca vi a minha filha doente, mesmo com aquelas doenças normais nas crianças.... e, de um momento para o outro, tiraram-me o chão....o meu pequeno mundo ruiu no momento em que ouvi a médica da minha filha dizer que embora a catarina não tivesse ainda sintomas de diabetes, o diagnostico estava confirmado, e minha menina é diabetica..... embora tenhamos começado com insulina apenas de manha e á noite, e a picar o dedo sempre que ia comer, para nós parecia que a minha filha estava a ser torturada, embora ela sempre dissesse que não custva nada e o que queria era sair do hospital e ir para casa, Apenas estivemos internadas 48h mas pareceu uma vida. hoje em dia, tb já não choro todos os dias antes de dormir, quando páro mais um pouco para pensar, já não culpo tudo e todos por tudo e por nada... já encaro a diabetes da minha filha com mais serenidade... mas ainda tenho momento que me revolto com a vida e com tudo e pergunto porque o meu maior tesouro? porque não eu?. depois passa e a vida continua, e realmente meninos como o pedro e como a minha catarina são um maior exemplo de como se vive, os nossos meninos são uma força da natureza, durante a longa e boa vida que vão ter, não vai haver muita coisa que os derrube, ou que os faça desistir seja do que for..... beijinhos muito grandes para a mãe 5 estrelas Filipa e para um doce lindo Pedro....

    ResponderEliminar
  4. Agradeço a partilha e o carinho, Sónia, de coração! Os nossos meninos são fortes, são lindos e hão-de ser sempre muito felizes!! Tudo de bom para si e para a Catarina. Mais uma vez, obrigada!

    ResponderEliminar